As problemáticas enfrentadas pelos ciclistas na Capital paraibana foram tema de debate, na tarde desta quarta-feira (1º), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). O autor da audiência pública foi o vereador Sérgio da SAC (SD) e o evento foi secretariado por Eliza Virgínia (PSDB). O debate denunciou que há trechos de ciclofaixa na cidade que são utilizados como estacionamento de veículos e sugeriu que João Pessoa poderia se tornar a capital brasileira do ciclismo com o investimento do poder público na prática como esporte, lazer e no cicloturismo.

“Sabemos das dificuldades com as quais os ciclistas lidam, seja pela falta de espaço para essa prática, seja pela ausência de educação no trânsito. Isso causa diversas fatalidades, como acidentes e até mortes, questões que podem ser evitadas com a implantação de mais espaços para essa atividade. Esperamos construir juntos propostas para um pedal mais seguro e consciente”, justificou a audiência, Sérgio da SAC.

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A vereadora Eliza Virgínia (PSDB) disse que é necessário haver uma cultura de paz no trânsito. Ela citou que, de acordo com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob), em João Pessoa, durante o ano passado, 502 ciclistas sofreram acidentes no trânsito, dos quais resultaram três mortes.

“As demandas com esse segmento têm crescido, não só por causa dos acidentes, mas já há registros de arrastões envolvendo os grupos de pedal. Eles são atacados por pessoas que se passam por ciclistas e que acabam roubando as bicicletas e equipamentos desses esportistas”, alertou Eliza Virgínia.

Ciclofaixa vira estacionamento de veículos

Para o integrante do grupo Pedal Mocotó, Saíde Abel da Cunha, quando se fala em ciclismo, diversas questões são abordadas, como saúde, esporte, lazer, preservação ao meio ambiente, segurança e mobilidade urbana. Ele denunciou que, na Avenida Tancredo Neves, no Bairro dos Ipês, há trechos de ciclovia ocupados como estacionamento de veículos, impossibilitando o uso do trajeto por ciclistas.

“Não se pode ver o ciclismo apenas como uma brincadeira, pois um governo que pensa no futuro investe em ciclofaixas, como é o caso de cidades da Europa. Esperamos que o Governo Municipal destine verbas para investir nessa área. Parei de fumar desde abril do ano passado por conta dessa prática. O esporte não polui o meio ambiente e ainda ajuda a retirar cidadãos do mundo das drogas”, acrescentou Saíde Abel da Cunha.

JP poderia ser a capital brasileira do ciclismo

Segundo o ciclista Artur Bezerra, João Pessoa é uma das Capitais brasileiras em que se tem uma forte cultura do uso da bicicleta desde a década de 1980. Ele frisou que a cidade ainda não tem uma área específica destinada para a formação de atletas e a prática desse esporte. “Apesar de termos Kléber Ramos na Paraíba, um dos melhores atletas de ciclismo do Brasil, carecemos de estrutura para a prática dessa atividade aqui”, destacou.

Na ocasião, o atleta do Clube Esportivo Bike Ciclismo, Chateaubriand Silva (Chatô) – irmão de Kléber Ramos – sugeriu que, com o investimento do poder público, “poderíamos transformar João Pessoa na capital brasileira do ciclismo, com incentivos na área como prática de lazer e modalidade esportiva”, recomendou.

Solução vai além de campanhas educativas e respeito mútuo no trânsito

O publicitário Caio Henrique, utiliza bike como meio de transporte todos os dias. Para ele, é muito duro ter que lutar pelos espaços que o ciclista já tem por direito. “A sociedade ainda fecha os olhos para isso. A maioria das manobras impróprias que o ciclista comete, como subir em calçadas ou usar uma contramão, é pra sua própria segurança, na maioria das vezes, pois a estrutura da cidade não é apropriada para garantir a nossa segurança”, comentou.

Audiência Pública, Discutir o Ciclismo 01-06-2016 030
Caio Henrique (camisa azul) utiliza bike todo dia pra chegar ao trabalho e comentou ser vítima do desrespeito no trânsito.

Segundo Caio Henrique, dificilmente João Pessoa terá, a curto prazo, malhas cicloviárias que atendam todos os pontos da cidade e, por isso, é necessário haver o compartilhamento de vias. “Assim, é fundamental a educação no trânsito para com os condutores, ciclistas e pedestres, cada um cuidando do outro”, sugeriu.

Na ocasião, o funcionário público Pedro Júnior recomendou que seja implantado um Plano Diretor Cicloviário para que o poder público construa uma política que melhore a vida dos cidadãos da Capital. “É preciso ouvir todos aqueles que usam a bicicleta para que as demandas existentes entre os grupos de ciclistas sejam atendidas. Também sugiro que haja mais fiscalização e multas referente às más práticas no trânsito”, propôs.

Encaminhamentos

A vereadora Eliza Virgínia tomou nota de todas as questões levantadas e, junto às autoridades presentes na audiência, houve um comprometimento de buscar soluções para as problemáticas com os Governos Municipal e da Paraíba. Na oportunidade, Sérgio da SAC sugeriu a realização de um seminário a respeito da temática para discutir mais amplamente e com outros setores sociais as questões levantadas.

Audiência Pública, Discutir o Ciclismo 01-06-2016 024
Autoridades e vereadores se comprometeram a articular soluções com os Governos Municipal e da Paraíba.

O representante da Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), Antônio Fernando, se comprometeu a articular campanhas educativas de conscientização quanto ao respeito mútuo entre pedestres, condutores, ciclistas e demais usuários do sistema de mobilidade da Capital.

O diretor de Planejamento da Semob, Adalberto Araújo, afirmou que as questões relacionadas ao tema estão sendo contempladas na elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana. “Precisamos tratar isso como um sistema, pois há diversas questões relacionadas ao deslocamento, seja ele como lazer, esporte ou outro fim. Vamos sair desse impasse e construir esses sistema, que não será apenas cicloviário, com todos e para todos”, prometeu.

CMJP-PB

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