Em menos de quatro semanas com casos confirmados do novo coronavírus, o Amazonas se tornou o Estado da região Norte com o maior número de infectados, com 532 pacientes positivos para a covid-19 e 19 óbitos. Só nesta segunda-feira, 6, foram 115 novos casos, confirmando o aumento exponencial previsto pela Secretaria de Saúde do Estado, que espera um colapso no sistema de saúde nos próximos dias.
O Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, na zona norte de Manaus, é o local onde estão os internados com casos graves. São 82 pessoas internadas com o novo coronavírus, além de 144 com suspeita de estarem com a doença. “Precisamos entender que, além do coronavírus, temos outros vírus de síndrome respiratória aguda que se confundem com o quadro clínico da covid-19. Nossos leitos estão com os casos confirmados, os suspeitos e os demais casos”, constatou Tobias.
Desde 16 de março, o governo do Amazonas tem publicado decretos determinando a suspensão de atividades com aglomerações, como aulas, eventos e até o fechamento de estabelecimentos comerciais de serviços ou produtos não essenciais. Os transportes fluviais intermunicipal e interestadual também foram suspensos desde o dia 19 de março, o que não evitou que o interior fosse acometido pela doença. São 59 casos em outros 11 municípios.
Os casos mais graves são transportados para Manaus, enquanto os leves recebem o atendimento das unidades locais. Um deles foi o de um bebê de um ano e quatro meses, em Parintins (a 369 quilômetros a leste de Manaus). Ele recebeu alta neste domingo, 5, quando era o terceiro caso confirmado no município.
Também no interior está o primeiro caso confirmado de uma indígena infectada. Ela possui 20 anos, pertence à etnia Kokama, no município de Santo Antônio do Içá (880 quilômetros a oeste de Manaus). A suspeita é que ela tenha contraído o vírus após contato com um médico do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) que testou positivo. A indígena e duas aldeias inteiras da região estão isoladas. Aproximadamente 1 mil indígenas vivem no local.
Efeito em Manaus
O centro comercial e turístico de Manaus reduziu aos poucos as atividades, principalmente após o decreto de suspensão do comércio não essencial. Não se pode, entretanto, dizer o mesmo sobre os bairros mais periféricos da capital amazonense, com fluxo praticamente normal em áreas comerciais. Para ampliar a recomendação de isolamento, a Polícia Militar iniciou nesta segunda-feira uma operação para orientar pequenos comerciantes a ficarem em casa.
O servidor público federal Paulo Sergio, de 34 anos, provou que nem mesmo os mais atentos às medidas de prevenção à doença estão livres do contágio. Ele, os pais e a irmã testaram positivo para a covid-19. Mesmo sem nenhum problema de saúde, característico do grupo de risco, ele teve pneumonia severa. Chegou a temer pela própria vida, mas já se sente recuperado.
“Fiquei internado de 22 a 27 de março”, revelou. “Eu não tenho noção de como peguei. Todo mundo em casa teve a covid. Foram quatro pessoas, sendo eu o caso mais grave. Tive febre todo dia, muita tosse e depois a dificuldade de respirar. Senti melhora lá pelo dia 25, mas minha maior preocupação era o meu pai, que é hipertenso e diabético, mas só teve sintomas leves”, disse Paulo, aliviado.
Em casos de sintomas menos graves, paira a incerteza. Foi o que aconteceu com a jornalista Mônica Dias, 28. Ela teve gripe, febre e dor de cabeça no início de março, após contato com uma pessoa que esteve recentemente em Dubai. Mônica foi até um posto designado para atendimento exclusivo a casos suspeitos, mas recebeu apenas um atestado médico de cinco dias.
“Na época em que eu estava doente, o exame estava sendo feito apenas em casos muito graves. Antes de ir ao posto médico público, eu liguei para um laboratório particular para solicitar o exame, mas ele tinha acabado. Na terceira semana eu já estava muito debilitada e tossindo muito. Fiquei com medo de voltar ao posto de saúde e preferi esperar em casa até ficar boa”, relata Mônica, que já se considera recuperada, mas segue em isolamento.
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