Ainda longe da meta de testar 22% da população, o Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (24) que passará a ofertar testes também para pacientes com sintomas leves em centros de atendimentos à Covid e que passará a considerar o diagnóstico clínico também como critério para confirmação de casos.

As medidas fazem parte de uma nova versão do programa Diagnosticar para Cuidar, que já havia sido lançado em maio com dois eixos específicos e previa ofertar 46 milhões de testes para o novo coronavírus.

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Deste total, porém, só 11,3 milhões já foram distribuídos aos estados.Segundo o ministério, a meta está mantida, mas deve haver mudança no tipo de teste que será usado.

Até então, o programa previa usar 24,5 milhões de testes do tipo RT-PCR (que verificam a presença de material genético do vírus em amostras respiratórias), e 22 milhões de testes rápidos (que verificam a presença de anticorpos a partir de amostras de sangue).

Agora, entre esse último grupo, 12 milhões devem ser substituídos por testes sorológicos Elisa, feitos em laboratório –a pasta não apresentou um cronograma de entrega.Outra mudança deve ser um aumento na oferta de testes para casos leves.

“Hoje a testagem é concentrada em 100% de casos internados. Pensando na população, no avanço da doença e na oportunidade de testar pessoas no interior do país, estamos expandindo essa testagem para unidades sentinelas e para nos centros de atendimento de Covid coletarem 100% de [amostras de] pacientes com síndrome gripal”, afirmou o secretário de vigilância em saúde, Arnaldo Correia de Medeiros.

Questionada, a pasta não informou quantos centros de atendimento à Covid devem permitir a coleta. Segundo a equipe do ministério, unidades básicas de saúde podem se credenciar como centros de atendimento à Covid.

As amostras devem ser levadas para laboratórios da rede pública e centros de diagnóstico vinculados à rede Dasa e Fiocruz.Além do novo modelo de testes, o ministério também anunciou uma ampliação nos critérios usados para confirmação de casos de Covid-19 no país.

Na prática, a medida passa a permitir que casos sejam confirmados e notificados também por diagnóstico clínico, ou seja, por análise do médico feita a partir dos sintomas e histórico do paciente.

Esse modelo já era adotado em alguns estados, mas não havia uma regra única para o país.

Ao todo, serão cinco critérios para confirmação de casos:

1) laboratorial,

2) clínico-epidemiológico,

3) clínico por imagem,

4) clínico e

5) laboratorial em indivíduo assintomático, como profissionais de saúde e outros grupos mais expostos ao risco de infecção.

No primeiro, laboratorial, a confirmação permanece como é hoje, por meio da oferta de exames.

Já o critério clínico-epidemiológico utiliza como referência o histórico de contato próximo com pessoas que tiveram diagnóstico confirmado para a Covid em testes realizados.

O critério clínico por imagem usa casos em que não foi possível confirmar ou descartar o caso por meio de testes, mas que há alteração em exames de tomografia do pulmão, por exemplo.

A confirmação clínica ocorre quando não foi possível aplicar testes, mas o paciente apresenta sintomas suspeitos, sem outra causa pregressa para isso. “Sabemos que há muitos casos de pacientes que perdem o olfato, mas não tem relação com a síndrome gripal ou síndrome respiratória agua grave”, explica Medeiros, sobre um dos sintomas frequentes.

A pasta define síndrome gripal como o quadro respiratório caracterizado por pelo menos um ou mais sintomas, como febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza e alteração no olfato e paladar.

Segundo o ministério, com a mudança, esses casos também podem ser confirmados para o coronavírus por meio do diagnóstico clínico e avaliação epidemiológica.

“O ministério considera o padrão ouro sempre o padrão laboratorial. Mas, na impossibilidade, essas outras opções estão disponíveis”, disse Eduardo Macário, diretor da pasta.

Ele nega que haja uma substituição da decisão de aplicação de testes por esses critérios e atribui a decisão à necessidade de um direcionamento para a rede.

Questionado sobre o atraso na oferta de testes, o secretário Arnaldo Medeiros admitiu problemas na previsão anterior.

“Houve uma época em que não tínhamos disponibilidade de tubos e swabs. Fomos vencendo etapas e hoje temos condições de avançarmos na testagem da nossa população”, afirmou ele, que evitou citar prazos e falou apenas em ampliar “nos próximos meses”.

Até o momento, foram aplicados 1,4 milhão de testes de RT-PCR no país, sendo 860 mil na rede pública e o restante na rede privada. Para especialistas, a baixa oferta de testes leva a subnotificação e dificulta o controle da epidemia.

Greice Madeleine, diretora-substituta do departamento de articulação e estratégia de vigilância em saúde do ministério, afirma que a ampliação da testagem e de critérios de confirmação dos casos devem ajudar em decisões sobre o isolamento de casos e possíveis contatos.

“Quando fazemos o diagnóstico de um caso leve, ou seja, de síndrome gripal, de uma pessoa diagnosticada por critério laboratorial, isso facilita que adote a política de isolamento para prevenir novos casos. E que restrinja a transmissão da doença”, disse.

Para Medeiros, a mudança também permite acelerar o tratamento em fase inicial. Não há, porém, nenhum medicamento específico para a Covid com comprovação de eficácia até o momento.

O secretário-executivo do ministério, Antonio Elcio, chegou a afirmar no início da coletiva de imprensa que a cloroquina e hidroxicloroquina têm se provado eficazes no tratamento precoce da Covid –até o momento, porém, não há estudos consolidados que apontam esse resultado.

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil

Foto: Shutterstock

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