Os países mais pobres do mundo não terão que se preocupar com pagamentos de dívidas a credores oficiais do G20 por pelo menos um ano, afirmou o ministro saudita das Finanças, Mohammed al-Jadaan, nesta quarta-feira (15).

Os ministros das Finanças do G20 e os diretores dos bancos centrais anunciaram uma suspensão da dívida após sua reunião virtual nesta quarta.

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O G20 observou que o acordo foi “aprovado pelo Clube de Paris” de grandes credores.

“Todos os credores bilaterais oficiais participarão dessa iniciativa”, afirmou o G20, que pediu aos credores privados que se unam ao esforço.

“Temos um compromisso claro, por meio de organizações internacionais como o FMI e o Banco Mundial. Esta suspensão é um anúncio realmente importante que significa que os países pobres não devem se preocupar com seus vencimentos pelos próximos 12 meses”, disse o ministro das Finanças da Arábia Saudita, Mohammed al -JadaanJadan, em uma entrevista coletiva virtual após uma reunião virtual do G20, grupo que reúne países industrializados e emergentes.

Segundo o ministro, essa iniciativa forneceria liquidez imediata de cerca de US$ 20 bilhões que os países podem usar para seus sistemas de saúde e apoiar as pessoas afetadas pelo COVID-19.

Os termos do acordo estabelecem que a suspensão durará até o final de 2020 e que os credores considerarão uma extensão de acordo com os resultados de um relatório sobre as necessidades dos países elegíveis para esse benefício pelo FMI e pelo Banco Mundial.

O acordo envolve a suspensão dos pagamentos de principal e juros.

A lista de países é composta principalmente por dezenas de países africanos, mas também inclui Dominica, São Vicente, Granada, Guiana, Haiti, Honduras, Nicarágua e Santa Lúcia e nações em guerra como o Afeganistão e o Iêmen.

Em uma declaração conjunta, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial chamaram a iniciativa de “ação rápida” e “poderosa” para proteger vidas e preservar os meios de subsistência de milhões de pessoas vulneráveis.

De acordo com as previsões do FMI publicadas na terça-feira, os países em desenvolvimento e emergentes sofrerão uma contração econômica de 1%, a América Latina 5,2% e a África Subsaariana uma retração de 1,6%.

– Chamado aos credores comerciais –

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, agradeceu aos sauditas por sua liderança no G20 – a Arábia Saudita ocupa a presidência rotativa do grupo – e por seus “esforços notáveis para proteger as pessoas e a economia”.

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, saudou o gesto e instou os credores comerciais a agirem da mesma maneira.

“Os credores comerciais deverão fornecer tratamento comparável. Já os países beneficiários se comprometerão a usar os recursos adicionais para responder à COVID-19”, disse Malpass.

A diretora-gerente do FMI disse que este ano a instituição multilateral dobrou sua disponibilidade anual de financiamento de emergência e disse que mais de 100 países já solicitaram ajuda. Em dez casos, o desembolso já foi aprovado pelo conselho.

Georgieva observou que serão necessários mais esforços. “Como sabem, projetamos uma profunda recessão em 2020 e uma recuperação parcial em 2021”, disse.

A Alemanha elogiou o acordo como “um gesto de solidariedade internacional de dimensões históricas”.

“Desta maneira, deixamos para os países afetados uma grande margem de manobra financeira para investir na proteção da saúde de suas populações, imediatamente”, afirmou hoje o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz.

– “Não poupar esforços para proteger vidas” –

Na terça-feira, as potências industriais do G7 se mostraram a favor de uma suspensão temporária do pagamento da dívida das nações mais pobres do mundo, sujeita ao acordo do G20, para apoiar a luta contra o coronavírus.

“Estamos determinados a não poupar esforços para proteger vidas humanas”, declarou Al-Jadaan.

O ministro saudita afirmou ainda que, neste período de pandemia, é necessário sustentar a economia mundial o máximo possível e garantir a resiliência do sistema financeiro.

“Devemos continuar nossos esforços e expandi-los”, acrescentou.

Muitos governos criaram planos de ajuda econômica em massa a empresas e indivíduos, envolvendo bilhões de dólares, para mitigar o impacto do coronavírus, que paralisou a economia mundial.

O novo coronavírus causou pelo menos 126.898 mortes no mundo desde que apareceu na China, em dezembro passado, conforme balanço divulgado pela AFP nesta quarta-feira, com base em dados oficiais.

Fonte: https://www.afp.com/pt/noticia/3958/

Foto: AFP / Emmanuel Croset

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