A violência doméstica é um problema global de saúde pública e de violação de direitos das mulheres. Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil, oito mulheres são agredidas por minuto na pandemia. Em João Pessoa, para as mulheres que sofreram violência sexual e/ou doméstica, a Prefeitura oferece uma assistência especializada no Instituto Cândida Vargas (ICV), com médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, além de trabalho em parceria com a polícia, o conselho tutelar e outros órgãos.

“Esse é um serviço que ampara a mulher num momento extremamente traumático e que gera consequências severas e devastadoras tanto para o físico quanto o mental, no curto e longo prazo. Então, poder ofertar um acolhimento profissional e capacitado a essa mulher é fundamental, mas acima de tudo, o nosso serviço precisa ser discreto e humanizado para que não fragilize e traumatize ainda mais essa vítima”, destaca a psicóloga do ICV, Poliana Dantas Nóbrega.

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Mesmo atuando em parceria com órgãos de defesa, o atendimento no ICV para as vítimas de violência acontece também por demanda espontânea, bastando que a vítima procure diretamente a unidade hospitalar. No local, a usuária será encaminhada ao atendimento imediato e reservado, onde todo o processo acontecerá de forma sigilosa.

Em caso de violência sexual, o atendimento deve acontecer em até 72h, de acordo com o que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS), e toda assistência prestada segue um protocolo instituído pelo MS. Caso a vítima busque o serviço após as 72h, ela será atendida da mesma forma, mudando apenas os protocolos a serem realizados.

Esse atendimento em até 72h é garantido pela Lei nº 12.845/2013. No ICV, a usuária receberá toda a assistência clínica, social e psicológica, além de ter acesso à informação sobre seus direitos legais e sobre os serviços sanitários disponíveis na rede pública.

Protocolo – Inicialmente, a usuária realizará todos os exames e receberá os medicamentos que compõe o kit de assistência, como a realização de teste de gravidez, exames de VDRL, TGO, TGP, hemograma completo, testes para diagnóstico de hepatites, AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, anticoncepção de emergência e outros procedimentos que sejam necessários.

“No ICV acolhemos essa mulher com toda a discrição e cuidado que o momento requer. É importante que ela chegue ao serviço em até 72h, pois nesse tempo conseguimos realizar as profilaxias tanto para ISTs quanto a

anticoncepção de emergência, medida essencial para se evitar a gravidez em consequência de estupro, que realizamos com o consentimento da vítima”, explica Poliana Dantas Nóbrega.

Caso a vítima seja criança, será atendida no ICV desde que tenha tido a menarca (primeira menstruação). Se não tiver havido a menarca, a criança ou adolescente será atendida no Hospital Infantil Arlinda Marques. Já em casos da vítima ser do sexo masculino, o atendimento será realizado no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena.

Impactos na saúde mental e física – As consequências da violência sexual são inúmeras para as vítimas. Entre as físicas imediatas estão a gravidez, infecções do aparelho reprodutivo e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). Em longo prazo, as vítimas podem desenvolver distúrbios na esfera da sexualidade, apresentando ainda maior vulnerabilidade para sintomas psiquiátricos, principalmente depressão, pânico, tentativa de suicídio e dependência de substâncias psicoativas.

“A saúde dessa mulher, física e psicológica, precisa e será cuidada da mesma forma e não apenas com um atendimento inicial, uma vez que esse é um trauma que fica muito além. Aqui no Cândida Vargas nós fazemos todo acompanhamento da vítima”, finaliza Liane Guerra Gusmão, coordenadora da assistência social do ICV.

Secom-JP

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