A atriz Klara Castanho, de 21 anos, publicou um relato em suas redes sociais revelando que foi estuprada, engravidou e decidiu entregar o bebê diretamente para adoção. Após a publicação, a atriz, que disse ter decidido falar sobre o assunto após a história vazar do hospital, recebeu apoio público de famosos. Abaixo, leia a íntegra da carta aberta da atriz:

“Este é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la dessa maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu dentro de mim. Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família nem dos meus amigos.

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Uma tristeza infinita que eu nunca tinha sentido antes. As redes sociais são uma ilusão e deixei lá a ilusão de que a vida estava ok enquanto eu estava despedaçada. Somente a minha família sabia o que tinha acontecido. Os fatos até aqui são suficientes para me machucar, mas eles não param por aqui. Meses depois, eu comecei a passar mal, ter mal-estar. Um médico sinalizou que poderia ser uma gastrite, uma hérnia estrangulada, um mioma. Fiz uma tomografia e, no meio dela, o exame foi interrompido às pressas. Fui informada que eu gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término da gestação quando eu soube. Foi um choque, meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso e nem barriga. Naquele momento do exame, me senti novamente violada, novamente culpada. Em uma consulta médica contei ter sido estuprada, expliquei tudo o que aconteceu. O médico não teve nenhuma empatia por mim. Eu não era uma mulher que estava grávida por vontade e desejo, eu tinha sofrido uma violência.

Eu procurei uma advogada e conhecendo o processo, tomei a decisão de fazer uma entrega direta para adoção. Passei por todos os trâmites: psicóloga, ministério público, juíza, audiência – todas etapas obrigatórias. Um processo que, pela própria lei, garante sigilo para mim e para a criança. A entrega foi protegida e em sigilo. Ser pai e/ou mãe não depende tão somente da condição econômica-financeira, mas da capacidade de exercer esse cuidar. Ao reconhecer minha incapacidade de exercer esse cuidado, eu optei por essa entrega consciente e que deveria ser segura.

Bom, agora a notícia se tornou pública, e com ela vieram mil informações erradas e ilações mentirosas e cruéis. Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei. A criança merece ser cuidada por uma família amorosa, devidamente habilitada à adoção, que não tenha lembranças de um fato tão traumático. E ela não precisa saber que foi resultado de uma violência tão cruel. Como mulher, eu fui violentada primeiramente por um homem e, agora, sou reiteradamente violentada por tantas outras pessoas que me julgam. Ter que me pronunciar sobre um assunto tão íntimo e doloroso me faz ter que continuar vivendo essa angústia que carrego todos os dias. A verdade é dura, mas essa é a história real. Essa é a dor que me dilacera.

Klara Castanho — Foto: Reprodução/Instagram

Klara Castanho — Foto: Reprodução/Instagram

 

Entrega para adoção

Pela lei brasileira, Klara teria direito a fazer um aborto legal. A atriz afirmou, no entanto, que tomou a decisão de fazer uma entrega direta para adoção. A entrega voluntária para adoção está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e permite que a mãe entregue o filho para adoção em um procedimento assistido pela Justiça.

Trajetória

Klara Castanho estreou na televisão criança, na série “Mothern”, do GNT, em 2006. Antes disso, desde bebê, ela já fazia campanhas publicitárias.

Foi em 2009 que os maiores sucessos começaram, quando a atriz fez parte do elenco de “Viver a Vida”, trama de Manoel Carlos na Globo, no papel de Rafaela, filha da personagem de Giovanna Antonelli. No mesmo ano, a atriz fez sua estreia no cinema em “Quanto dura o amor?”.

Também fez a novela “Morde & assopra”, de 2011, quando viveu Tonica, filha do personagem de Marcos Pasquim.

Em 2013 viveu a menina Paulinha, filha de uma das protagonistas de “Amor à vida”, a médica Paloma, interpretada por Paolla Oliveira.

A atriz ainda participou de outras tramas na Globo: “Morde & assopra”, de Walcyr Carrasco (2011), e “Amor eterno amor” (2012) e “Além do tempo” (2015), ambas de Elizabeth Jhin.

Klara Castanho também participou do reality show de música “Popstar”, na Globo, na temporada de 2018

Nos cinemas, fez os longas “É Fada” (2016) e “Tudo por um Popstar” (2018).

Fonte: G1

Foto: Reprodução/Instagram

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