O Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça, nesta quinta-feira (23), a prisão preventiva do deputado estadual Lucas Bove (PL-SP) e, na mesma ocasião, também o denunciou por perseguição, violência psicológica, violência física e ameaça contra sua ex-esposa, a influenciadora Cíntia Chagas. Ao pedir a prisão, o órgão acusou Bove de reiteradamente descumprir medidas protetivas concedidas a Chagas.
De acordo com o MP, o deputado tem demonstrado “claro desprezo” pelas restrições impostas a ele, inclusive ignorando sucessivas advertências e intimações formais. Ainda segundo o Ministério Público, a postura do parlamentar faria com que as medidas, que visavam garantir a segurança de Cíntia, já não fossem mais suficientes diante da postura do deputado.
A promotoria afirma que comunicações enviadas à Justiça pela defesa da ex-esposa do deputado relataram, inicialmente, publicações ofensivas e indiretas postadas por ele nas redes sociais, mas que posteriormente evoluíram para menções explícitas e ataques à credibilidade da influenciadora.
Essas ações, segundo o Ministério Público, causaram desgaste emocional e revitimização em Cíntia. O MP destaca ainda que as condutas de Bove indicam “alto grau de reprovabilidade” e, por essa razão, caberia ao Estado proteger a integridade psicológica da influenciadora.
O caso já havia sido alvo de investigação pela Polícia Civil, que concluiu o inquérito em setembro. O relatório final apontou que o deputado praticou perseguição e violência psicológica contra a ex-esposa. A delegada responsável observou que, mesmo após a separação, o parlamentar manteve contatos insistentes e chegou a utilizar terceiros para se aproximar de Chagas.
Em nota, a advogada e ex-promotora Gabriela Manssur, que representa Cíntia, declarou que a denúncia do MP representa “marco importante para as mulheres na busca pela verdade, pela responsabilização e pela dignidade da vítima”. Segundo ela, o caso reafirma “que a lei existe para todas e contra todos que a violarem — independentemente de quem sejam ou do cargo que ocupem”.
Cíntia, por sua vez, disse que “é moralmente inaceitável que agressores de mulheres permaneçam investidos em funções de poder” e afirmou que “a violência contra a mulher não se circunscreve à esfera privada: constitui crime e afronta à dignidade humana”.
– Que a lei siga o seu curso e que, como sempre, a verdade prevaleça. A todas as mulheres que enfrentam a violência, deixo uma mensagem: não se calem. O silêncio protege o agressor – completou.
A defesa de Lucas Bove informou que não irá se manifestar sobre a denúncia.
Fonte: Pleno News
Foto: Reprodução/YouTube Cíntia Chagas // Alesp/Bruna Sampaio



