O professor e pesquisador paraibano Jivago Correia Barbosa lança, na próxima segunda-feira (25), o livro ‘A integração dos brasis: José Américo de Almeida e o Ministério da Viação e Obras Públicas durante o Governo Provisório (1930-1934)’. A obra é fruto de uma investigação minuciosa para o doutorado em Ciências Sociais, pela Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). O lançamento está programado para as 16h, no auditório da Fundação Casa de José Américo (FCJA), na orla do Cabo Branco, em João Pessoa.

Na publicação, o autor mapeia os “rastros” deixados pelo então ministro José Américo no Governo Federal e chega à conclusão de que o Ministério da Viação e Obras Públicas foi de fundamental importância para as políticas de desenvolvimento econômico do país, após a Revolução de 1930. “O discurso nacionalista de integração das regiões do país e sua execução passavam, inevitavelmente, pela melhoria de toda a infraestrutura nacional”, aponta Jivago Correia.

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Para identificar esses “rastros” da história, o pesquisador focou estudos em dois relatórios escritos por José Américo de Almeida sobre a sua atuação à frente do órgão ministerial: ‘O Ministério da Viação no Governo Provisório’, de 1933, e ‘O Ciclo Revolucionário do Ministério da Viação’, de 1934. Utilizando também outras fontes secundárias, Jivago identificou a evidência de uma narrativa que busca demonstrar que a pasta de José Américo possuía uma importância efetiva para a consolidação das políticas de desenvolvimento econômico e social.

“Políticas de expansão do mercado interno brasileiro e a integração das diversas regiões do país, numa busca pela superação dos efeitos decorrentes da crise de 1929”, avalia o pesquisador. “Dessa forma, demonstra-se que o raio de atuação do Ministério da Viação e Obras Públicas foi bem mais abrangente e não se restringiu, apenas, ao combate à seca, pois as obras de infraestrutura realizadas pelo ministério abrangeram vários estados do país”.

Natural da capital paraibana, com raízes no Bairro de Jaguaribe, Jivago Correia, aos 42 anos, é professor no Campus João Pessoa do Instituto Federal de Educação da Paraíba (IFPB) e pesquisador da FCJA. Ele desenvolve pesquisas sobre José Américo de Almeida há mais de 20 anos, tendo defendido a dissertação de mestrado em História, em 2012, intitulada ‘Política e assistencialismo na Paraíba: o governo de José Américo de Almeida (1952-1956)’.

Projeto de desenvolvimento

O autor explica que, na prática, a obra ‘A integração dos brasis: José Américo de Almeida e o Ministério da Viação e Obras Públicas durante o Governo Provisório (1930-1934)’ tem como objetivo investigar como José Américo refletiu sobre a sua atuação durante o período em que esteve à frente da pasta ministerial. “Ao mesmo tempo, perceber, a partir dessa reflexão, a relação do seu desempenho como ministro e o projeto nacional-desenvolvimentista proposto por Getúlio Vargas e seus ministros, após 1930, com a instauração do Governo Provisório”, argumenta o pesquisador.

A construção de um grande projeto de desenvolvimento nacional-autônomo no Brasil de Getúlio Vargas, avalia Jivago, precisava ser consolidada e caberia à figura de José Américo de Almeida a condução de boa parte das obras de infraestrutura ao assumir a pasta durante esse recorte temporal da história.

Para compreender a atuação de José Américo nesse período, o professor destaca em seu livro cinco pontos essenciais para o entendimento da atuação de José Américo: não pode ser reduzida à indústria das secas (interesses regionais); esteve conectada ao processo de modernização do estado brasileiro; coube a ele a condução de boa parte das obras de infraestrutura necessárias à construção de um grande projeto de desenvolvimento nacional-autônomo (estradas de ferro, de rodagem, portos, aeroportos, correios e telégrafos); foi o único titular que permaneceu na mesma pasta durante Governo Provisório; e o único ministro do Nordeste na primeira organização desse governo temporário.

“Entretanto, toda a lógica do nacional-desenvolvimentismo acaba por preservar a estrutura agrária no Nordeste e, em contrapartida, desenvolve a indústria na região Centro-Sul do país. Por isso o capitalismo brasileiro acaba se estruturando e se articulando a partir de um desenvolvimento regional desigual”, destaca Jivago Correia.

Clã do americismo

Em âmbito regional, conforme análise do professor e pesquisador, José Américo pôde implantar as bases do seu clã político, denominado de americismo, a partir da utilização das verbas da Inspetoria Federal de Obras Contra às Secas (Ifocs) – primeiro órgão federal criado com o objetivo de sistematizar o combate às secas periódicas que assolavam a região Nordeste –, restabelecendo a chamada indústria da seca, dando continuidade às obras que o ex-presidente da República Epitácio Pessoa havia deixado inconclusas.

“O que, aparentemente, parece ser algo contraditório em relação à atuação de José Américo como ministro, nada mais são do que as ‘contradições’ que se complementam num projeto alinhado ao desenvolvimento nacional capitalista, a partir de um desenvolvimento regional desigual”, sintetiza Jivago Correia.

Graduado e mestre em História pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o pesquisador atua, na condição de professor efetivo, nas disciplinas de História e Metodologia Científica no IFPB, além da disciplina Organização e Memória de Espaços Pedagógicos em Educação Profissional e Tecnológica junto ao Programa de Pós-Graduação de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT/IFPB).

Jivago Correia também é professor convidado, na condição de colaborador externo, da disciplina Tópicos Especiais em Direitos Humanos V – Memórias, Patrimônios e Direitos Humanos, do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos, Cidadania e Políticas Públicas (PPGDH/UFPB).

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