No último dia de competições do remo nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, o Brasil emplacou uma medalha de bronze na prova do PR1 masculino, com o baiano de Itapetinga Renê Pereira, de 41 anos. Numa disputa emocionante, o atleta ultrapassou o espanhol Javier Reja Muñoz e cruzou a linha de chegada em 10min03s54. O ouro ficou com o ucraniano Roman Polianskyi, com 9min48s78, e a prata foi do australiano Eric Horrie, com 10min00s82. Durante a prova, Renê relatou que sentiu uma espacidade nos membros inferiores que causa uma espécie de vibração, o que prejudicou sua concentração. “Isso aconteceu nos 700 metros e foi preciso ter um controle emocional grande para amenizar essa vibração com o quadril, mas consegui estabilizar e voltei ao ritmo”.
Faixa preta no caratê e quase profissional do futebol com passagem por várias equipes de base da Bahia, Renê deixou de lado a paixão pelo esporte quando resolveu ingressar na medicina. Quando ainda era residente em ortopedia, contudo, sentiu dores na coluna e descobriu um abscesso epidural, o que causou uma compressão medular que lesionou a vértebra T9 e causou perda dos movimentos. Seis anos depois, ele retomou a antiga paixão pelo esporte, agora no remo paralímpico.
O bronze é resultado de um grande esforço. É a minha segunda Paralimpíada, a primeira foi nos Jogos Rio 2016, quando fiquei em sexto lugar. Eu sabia que se me dedicasse um pouco mais chegaria mais longe, e foi o que aconteceu”
Renê Pereira
“Eu sempre fui atleta, na verdade. A lesão mudou a minha vida e me reaproximou da minha paixão. Entrei no remo e foi tudo muito natural. Até chegar ao Japão, eu sonhava apenas em subir ao pódio, apesar de querer o lugar mais alto. Isso porque participar de um ciclo paralímpico é pesado, com uma rotina de treinos intensa. Mas agora que cheguei até aqui, depois de um ciclo longo de cinco anos em função da pandemia, vejo que até Paris são só mais três anos. Então não pretendo parar agora”, conta.
O atleta trabalhou muito nos últimos seis meses porque em boa parte do ciclo treinou em simuladores. “Há quatro anos tenho brigado muito nas finais, mas sempre chegava em quarto ou quinto, mesmo com potencial para estar nas cabeças. O que me faltava era uma condição adequada na água. Durante esse ciclo, eu chegava nas competições, buscava um ajuste de última hora e não conseguia atingir o objetivo, mas consegui montar um centro de treinamento perto de Salvador e comecei a ter mais contato com a água.
Nos últimos 40 dias antes de vir para Tóquio, ele praticamente se mudou para São Paulo, onde há uma raia oficial. “Lá eu vi que meu tempo era competitivo, o que me deu confiança. O bronze é resultado desse esforço. É a minha segunda paralimpíada, a primeira foi nos Jogos Rio 2016, quando fiquei em sexto lugar. Eu sabia que se me dedicasse um pouco mais chegaria mais longe, e foi o que aconteceu. Agradeço as pessoas que me apoiaram, a Escola Baiana de Medicina, instituição que me formei, a Bolsa Pódio, que é um apoio direto para os atletas, além de amigos, família, minha esposa Priscila e meus dois filhos, Artur, 11, e Maria Eva, 4”. Ao longo do ciclo entre o Rio e Tóquio, Renê foi prata na etapa da Copa do Mundo de Roterdã, na Holanda, em 2019, e ouro no Mundial de Remo Indoor 2017, em Boston, EUA.
Outros brasileiros
A representante feminina nas provas individuais, Claudia Santos, ficou em sexto lugar na final A do W1x PR1. Esta foi a quarta participação de Claudia nos Jogos Paralímpicos. A primeira prova do Brasil na final foi o Mix2x PR2, com Josiane Lima e Michel Pessanha. A dupla disputou a Final B e ficou com a segunda. Também na Final B, mas do Quatro Com Misto PR3, o barco formado por Ana Paula Souza, Diana Barcelos, Valdeni Junior, Jairo Klug e o timoneiro Jucelino Silva ficou com a quarta colocação.
Fonte: http://rededoesporte.gov.br/pt-br/noticias
Foto: Helano Stuckert/ rededoesporte.gov.br



