O Banco Central Europeu (BCE) declarou nesta quarta-feira que os bancos da zona do euro podem apresentar títulos podres como garantia quando tomarem empréstimos na instituição.

“Os emissores desses ativos que atendem aos critérios mínimos de qualidade de crédito continuarão sendo aceitos no caso de um rebaixamento de sua nota”, afirmou o BCE em comunicado, referindo-se a um possível rebaixamento da nota financeira de governos e emissores de dívida na zona euro.

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O objetivo dessas novas regras é apoiar a capacidade dos bancos de continuar emprestando, explicou o comunicado.

Trata-se de uma decisão “excepcional e tranquilizadora”, tuitou Eric Dor, diretor do Instituto de Economia Científica e Gestão (IESEG).

Diante da deterioração da situação econômica devido à pandemia de coronavírus, as agências de classificação financeira começaram a rebaixar as notas que concedem aos emissores de dívida.

Um dos que podem se beneficiar dessa situação é o Estado italiano, cuja dívida continua a aumentar.

A agência de classificação Standard & Poor’s pode baixar a classificação do país na sexta-feira, já sob vigilância negativa. Embora na sexta-feira não seja rebaixada para a categoria “especulativa”, parece “quase inevitável” que a nota acabe sendo rebaixada para esse nível em algum momento, indicou o Commerzbank no início de abril em uma análise à qual a AFP teve acesso.

As caras medidas tomadas pelo governo italiano desde o início da epidemia “agravaram o desvio orçamentário”, lembrou o Commerzbank.

O BCE “congelará” a nota que os emissores de títulos possuíam em 7 de abril, de modo que qualquer classificação negativa de um título após essa data, mesmo que tenha sido rebaixado para o termo “podre”, não terá impacto na solvência do banco que possuir os bônus.

A cláusula estará em vigor pelo menos até setembro de 2021 e deve ajudar a eliminar o risco de muitas empresas que temem acabar no terreno “podre”, ficando sem investidores.

O anúncio é “um passo adicional bem-vindo”, disse Frederik Ducrozet, estrategista da Pictet Wealth Management, enquanto Gregory Claeys, de Bruegel, elogiou uma “decisão crucial” em resposta a uma “grande fraqueza” na linha de crédito do BCE.

O banco emissor de Frankfurt não esclarece se essas obrigações de categoria mínima podem entrar no seu programa de compra de ativos, que foi relançado no final de 2019, diante da debilidade da economia do euro.

O BCE informou em seu comunicado que está pronto para “tomar outras medidas, se necessário”.

Fonte: https://www.afp.com/pt/noticia

Foto: AFP/Arquivos / Daniel ROLAND

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