A música tem mudado a vida e o sentimento de esperança de vários detentos da Penitenciária de Segurança Máxima ‘Criminalista Geraldo Beltrão’, localizada no Bairro de Mangabeira, em João Pessoa. Na unidade, é desenvolvido, em parceria com o Poder Judiciário estadual, o ‘Projeto Música: Um caminho para a ressocialização’, que celebra seu primeiro aniversário, com a formatura da turma composta por dez músicos. A banda intitulada RPG (Resgatados Pela Graça) tem como maestro o professor de música Beto Tavares. A iniciativa também é desenvolvida no Presídio Feminino Júlia Maranhão.

O tecladista da banda RPG, Luiz Pedro, está na Penitenciária há um ano e seis meses. Ele falou da alegria de fazer parte do grupo musical e faz planos profissionais, para quando sair da Penitenciária. De acordo com ele, a unidade prisional tem oferecido boas oportunidade de ressocialização. “Hoje,  descobri que a música vive dentro de nós. Foi aqui que tive o primeiro contato com o instrumento. Antes, não sabia tocar nada. Agradeço a oportunidade e a confiança dada pela Diretoria da unidade. Não falo só em meu nome, mas em nome de todos do grupo. Quando sair, quero viver de música”, comemorou. Quem faz parte do projeto, ganha um dia de remição da pena, para cada três dias de ensaios.

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Juiz Hermance Gomes Pereira

O Projeto é coordenado pelo juiz titular do Juizado Especial Criminal (Jecrim) da Capital, Hermance Gomes Pereira e foi instituído por meio de uma parceria entre o Tribunal de Justiça da Paraíba por meio do Jecrim, a Vara de Execução Penal da Capital (VEP), a Secretaria de Administração Penitenciária e o Conselho da Comunidade de João Pessoa. O financiamento do projeto é feito com recursos oriundos das transações penais realizadas pelo Juizado, que devem ser destinadas a atender projetos sociais.

“A parceria é o ponto forte deste projeto. Não fazemos nada sozinho. Precisamos do apoio da VEP, nas pessoas dos juízes Carlos Neves da Franca Neto a Andréa Arcoverde. Sem o trabalho da Diretoria da Penitenciária, também seria praticamente impossível desenvolvermos as atividades. Da mesma forma, a colaboração da Secretaria de Administração Penitenciária e da Polícia Militar”, destacou Hermance Gomes Pereira.

A representante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Ana Pereira, afirmou que o cárcere precisa ser ressocializador. “Iniciativas como esta nos mostra que isso é possível. Quando conseguimos andar de mãos dadas, os resultados aparecem. O mais importante desse processo, onde vários atores estão unidos, é poder perceber o nível de redescoberta do apenado. A música provoca o processo de sensibilização”, definiu.

Juiz Carlos Neves

“Vejo a ressocialização do preso, pela música, com muito otimismo. Esse projeto traz, sim, resultados práticos. Nós que trabalhamos diretamente com o sistema carcerário, percebemos a mudança do apenado por meio da música. A ideia é expandir essa ação para outras penitenciárias do Estado”, adiantou o titular da VEP, juiz Carlos Neves, que estava acompanhado da juíza auxiliar da Vara de Execução Penal, Andréa Arcoverde.

Segundo o maestro Beto Tavares, os detentos têm grande interesse no aprendizado e alguns já se destacam na arte musical. “Contamos com a colaboração de todos os parceiros envolvidos. Na verdade, é um trabalho colaborativo que demonstra resultados reais, a exemplo de bons instrumentistas e compositores. Gosto muito de brincar com eles, quando digo que fico alegre quando a banda se desfaz, significa dizer que alguém ganhou a liberdade”, comentou. As aulas de canto, violão, guitarra, contrabaixo, teclado, bateria, viola e percussão são ministradas todas as terças e quintas-feiras.

Já o diretor da Penitenciária Geraldo Beltrão, João Rosas, disse que a educação musical vem transformando a realidade do presídio. “Nossa perspectiva é de ampliar o projeto em nossa unidade, com formação de turmas que vão trabalhar os instrumentos clássicos, como violino, viola e piano. Nossas estatísticas mostram que a iniciativa vem trazendo resultados extremamente positivos. Nos últimos oito anos, não aconteceu nenhum movimento de subversão à ordem. Nenhuma rebelião. Isso é fruto de muito trabalho e políticas públicas que estão sendo implementadas”, destacou.

Dicom-TJPB

Fotos: Fernando Patriota

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